José Timóteo Ferreira nasceu em Fortaleza no estado do Ceará no dia 11 de julho de 1929. Ficou conhecido como Zé Doca por causa de seu pai o Sr. Doca. Era casado com Maria Gomes Carvalho, a dona Socorro. Com ela teve 8 filhos, porém apenas 3 sobreviveram.

Em 1959, José Timóteo fundou a cidade de Zé Doca. Construiu a primeira casa da cidade, que ficava localizada, onde hoje é a Av. Stanley Fortes Batista. A região fazia parte da Pré-Amazônia, uma floresta fechada que conservava um solo fértil e produtivo.

Um ano depois de ter fundado o povoado que ficou conhecido inicialmente como Centro do Zé Doca, mais precisamente no dia 3 de julho 1960, José Timóteo Ferreira, os 31 anos de idade, é encontrado morto em uma porteira. Depois desse acontecimento surgiram várias hipóteses e histórias que tentaram desvendar os mistérios ligados à morte do Sr. Zé Doca.

| José Timóteo Ferreira, o Zé Doca

Depois de muito investigar, resolvemos apresentar as principais hipóteses que tentam explicar as causas da morte do Zé Doca.

A primeira possível causa, foi relatada pelo Sr. Alfredo Amorim, um antigo morador da cidade de Governador Newton Bello. Segundo ele, o jumento de um vizinho teria invadido a propriedade do Sr. Zé Doca, e causado sérios estragos nas plantações de arroz.

Naquela época, a cultura do arroz era principal atividade econômica na região do Alto Turi. A invasão do animal representava sérios prejuízos ao Sr. Zé Doca. Indignado, ele teria reclamado, porém inerte, o vizinho nada fez para resolver o problema. Zangado, Zé Doca matou o animal a tiros. O dono do animal por sua vez, quando soube da morte do jumento, ficou profundamente revoltado.

Na manhã do dia 3 de julho 1960, Zé Doca passa frente à casa de um amigo, vinha para Chapéu de Couro (atual cidade de Gov. Newton Bello) comprar munições para sua arma, já que estava sem balas. Algum tempo depois é encontrado morto, ao procurarem o dono do jumento em sua casa não o encontram.

O Sr. Alfredo, defende a hipótese de que a arma de Zé Doca estava sem munições e que seria impossível atirar contra si próprio. Porém surge uma questão, que este relato não leva em conta. Zé Doca foi encontrado, com a marca de um tiro abaixo do queixo, algo incomum para ser um assassinato.

A hipótese mais provável indica que ele teria cometido suicídio, conta-se que ele já vinha com pensamentos suicida. Mais porque ele teria se suicidado? Os próximos relatos tentam explicar o motivo.

As cidades de Governador Newton Bello (antigo chapéu de couro), Zé Doca, Bom Jardim e Araguanã surgiram no ano 1959. Antes dessas cidades, a povoação que existia nessa região, era o povoado Marajá. O lugar surgiu a partir da criação de uma estrada, chamada pelos moradores da época de Petrobras.

Essa estrada iniciava-se na cidade de Monção, passava pelo povoado Marajá, depois Chapéu de Couro e por fim, povoado Barracão de Madeira. Essa estrada foi de grande importância para o surgimento do povoado Marajá e mais tarde, para o desenvolvimento da Vila Chapéu de Couro. Visto que, naquela época, existia apenas a abertura da futura BR 316, feita manualmente por homens.

Esse segundo relato que tenta explicar o motivo do suicídio de Zé Doca, teria dando-se início no povoado Marajá. O Sr. Manuel, que morou nos primórdios do vilarejo, conta que viu uma séria briga entre o Sr. Zé Doca e um morador do lugar. Muito zangado, o homem desaparecera no mundo, mas antes de ir embora, teria dito que entendia das “ciências” e que iria mandar algo para o Sr. Zé Doca e que ele deveria tratar de ser forte. Pouco tempo depois Zé Doca é encontrado morto.

O termo “ciências” citado pelo Sr. Manuel, refere-se a “feitiçaria”. Essa história, assim como a primeira não se tem comprovação, porém Sr. Manuel, falou com convicção de que houve essa briga e que o homem teria falado em vingança.

A última hipótese, é talvez a mais conhecida e a mais aceita. Essa história foi relatada pelo Sr. Antônio Filó, um dos fundadores da cidade de Governador Newton Bello.

“Eu fui no velório do Zé Doca. Encontraram ele com o dedo do pé no gatilho da espingarda. A espingarda fez um estrago feio no queixo dele. Tudo isso foi por causa de trecho da futura BR 316 que ele havia “empeleitado” (negociado). Só que os homens colocaram o dinheiro na mão dele e ele gastou. Mas não precisava ele ter se suicidado não. Homens poderiam até mexer com ele, só que não iria matar ele não”. Afirmou seu Antônio Filó em uma entrevista ao Mará.

xilogravura digital, apresenta zé doca com uma espingarda apontada para o queixo, ao fundo, há uma porteira
Zé Doca
Xilogravura Digital: Vm

A abertura da BR 316, foi feita manualmente por homens, que usaram técnicas tradicionais como foices e machados. Essa hipótese defende que, o Sr. Zé Doca, que foi cabo de turma (trabalhadores que atuaram na construção de estradas), teria recebido esse dinheiro provavelmente, para contratar mais homens de sua confiança, para trabalharem na abertura da futura BR 316.

O fato de o terem encontrado com o dedo do pé no gatilho da espingarda, foi confirmado também por amigos próximos e pela dona Socorro, esposa dele.

Existe uma outra hipótese, pouco provável, que defende que no momento em que Zé Doca foi passar pela porteira teria se acidentado. O fato é que são muitas perguntas sem respostas, e muitos anos nos separam daquela manhã tristonha do dia 3 de julho de 1960.

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